
A explosão de casos de Covid19 verificada na região Noroeste do Estado – Ecoporanga, por exemplo, teve um aumento de 40% de casos confirmados nos últimos dois dias, depois de ter ficado sem infectados nos primeiros 45 dias que a pandemia chegou ao Brasil – está sendo um fato recorrente no interior do Brasil.
A conclusão do é do general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, segundo noticiado pelo site Folha de São Paulo. Nesta quinta-feira (21/05/2020), Pazuello disse que sua pasta tem verificado uma redução de casos em algumas capitais do Norte e Nordeste e que o avanço da epidemia ao interior “é inevitável”.
“Nosso país que é continental está impactado de forma diferente de Norte a Sul. Temos uma linha imaginária passando pelo Mato Grosso até a Bahia. O impacto maior está na região Norte e Nordeste, já impactados, já preparados, e cada um com a curva no seu nível”, disse.
LOCKDOWN PRORROGADO
Por conta disso, o prefeito de Ecoporanga, Elias Dalcol (PSD), prorrogou, por meio de um ato elaborado após videoconferência com profissionais da saúde, até a próxima segunda-feira (25) o lockdown na cidade. A atitude do chefe do Executivo visa a tentar impedir que o novo coronavirus se alestre ainda mais.
De acordo com a coluna Leonel Ximenes, de A Gazeta, a cidade de Ecoporanga vive essa nova tragédia por causa da teimosia da família da primeira pessoa infectada, no distrito de Joassuba. Fontes da prefeitura confirmaram que, no primeiro momento, os casos se concentraram naquela localidade, mas que atualmente estão na sede.
“Apesar do alarme e das medidas do prefeito, a população não está colaborando. As pessoas estão fazendo festa, se encontrando nas fazendas, saindo de casa. Isso só piora a situação”, disse uma fonte ligada a autoridades municipais de Ecoporanga.
A cidade fechou esta quinta-feira com 39 casos confirmados, 11 a mais do que na quarta-feira (20), quando foi prorrogado o lockdown – fechamento total do comércio. Em Barra de São Francisco, os casos já chegaram a 63 confirmados, mas existem 192 suspeitos em isolamento.
Uma pessoa já morreu em Ecoporanga e outra em Barra de São Francisco. Outra cidade onde os índices também estão altos é Água Doce do Norte, com 15 casos confirmados. Colatina, com 152 casos, lidera a ocorrência de Covid19 no interior do Estado, seguida de São Mateus com 142.
CAPITAIS
De acordo com o ministro Pazuello, a pasta da Saúde já verifica uma “redução significativa” de casos e necessidade de leitos em algumas capitais das regiões Norte e Nordeste. O general não citou quais seriam essas cidades.
Em Manaus, cidade que vive colapso na saúde, especialistas dizem que ainda é cedo para uma análise e apontam risco de novo avanço caso sejam afrouxadas medidas de isolamento.
“Uma terceira etapa é uma progressão para o interior desses estados. É inevitável”, disse Pazuello. “Essa progressão vai acontecer, e temos que estar preparados, aumentando ainda a capacidade [de atendimento] das capitais e cidades maiores, porque também serão o destino dessas pessoas que vão buscar o tratamento”, afirmou.
Ele defendeu investimentos em capacidade de transporte para envio de pacientes a cidades maiores e aumento de leitos em hospitais do interior, sem, contudo, citar medidas específicas. Para Pazuello, a regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste ainda devem ter maior aumento de casos do novo coronavírus.
“Ao Sudeste, Sul, Centro-oeste, é a hora de se preparar. É hora de acumular meios, estruturar UTI, habilitar leitos, adquirir insumos e equipamentos e se preparar para o combate, com a vantagem de estarmos observando o que está acontecendo e como foi o impacto no Norte e Nordeste”, afirmou.
“Rezamos para que o impacto seja menor, mas virá um grau de impacto, ou poderá vir.” Dados do ministério, porém, apontam alguns estados destas regiões entre aqueles com maior número de casos e incidência do coronavírus, situação de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, por exemplo.
As declarações ocorreram em reunião com secretários estaduais e municipais de saúde. O encontro marcou o primeiro discurso de Pazuello à frente da pasta desde a saída do ministro Nelson Teich, que não aceitou contrariar suas convicções acerca dos protocolos de tratamento recomendados pelas autoridades mundiais.
“Nesse momento nossa missão é mitigar os efeitos da pandemia e salvar vidas, e todos os dias estamos acompanhando essas perdas”, afirmou Pazuello. Sem experiência na saúde, Pazuello disse que o SUS o “surpreende positivamente a cada dia” e que o sistema “continua forte em todas as direções, não apenas a Covid”.
Diz ainda que o trabalho no ministério “não parou e não vai parar” e que medidas devem considerar cenários regionais. Representantes de secretários de saúde se queixaram da dificuldade de diálogo com o ministério desde a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
“Não é necessário estarmos em uma sala com 100, 150 pessoas para que as reuniões aconteçam”