
Enquanto o atual cenário político nacional tem sido marcado por uma onda conservadora, conforme especialistas, alguns partidos do Estado têm ido na contramão do fenômeno e saído em busca de nomes do movimento LGBT+ (sigla que engloba lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e outros).
Seja para filiação ou até mesmo para o lançamento de candidaturas visando disputar a eleição do ano que vem, os diretórios estaduais de PT, PDT, PSDB, PSB e PCdoB, por exemplo, já possuem em suas estruturas núcleos voltados para esse segmento.

Filiado ao PSDB desde 2013, o servidor público Diogo Romanov, que pretende concorrer a uma vaga na Câmara Municipal de Itarana, avalia que a efetivação de LGBTs+ na política significa um entendimento dos partidos sobre a importância dessa parcela da sociedade nas decisões do País.
“A gente não quer lutar apenas pelos direitos dos LGBTs. Queremos mostrar que também sabemos discutir questões mais abrangentes. Também estamos preocupados com educação, saúde e economia do Brasil”, disse.
Mesmo sem a pretensão de concorrer a cargo político, o estudante de Fisioterapia Juliano Volkers participa ativamente, desde 2018, do PDT Diversidade, assim como o arquiteto Raiaq Roos.
“Me identifico com o PDT Diversidade pela proposta que nos enxerga como parte da classe trabalhadora, e não nos distancia dela. Precisamos ocupar todos os espaços e não apenas aqueles reservados historicamente a nós”, afirmou Juliano.
E é pensando em fazer história que a transexual Paola Graciani Garcia, que é técnica em enfermagem, pretende ocupar uma cadeira na Câmara de Cariacica. Ela é filiada ao PCdoB. “É preciso que haja cada vez mais representantes dos LGBTs na política, para que possamos apontar o caminho para aqueles que não entendem as nossas questões mais a fundo”.
Os representantes LGBT+ seguem os passos de políticos de expressão no cenário nacional. Um dos exemplos é o senador capixaba Fabiano Contarato (Rede), assumidamente gay e que teve mais de 1,1 milhão de votos em 2018.
Em conversa com pré-candidatos e partidos que têm fomentado a filiação de LGBTs+, a reportagem ouviu o que pensam e quais são as bandeiras de quem deve disputar as eleições de 2020.
As propostas
Nome social
É difícil afirmar quais são as principais bandeiras do movimento LGBTQIA+, já que cada país tem um contexto político e social e não há unanimidade nem mesmo dentro do próprio movimento.
No entanto, algumas pautas, no Brasil e no mundo, são: a criminalização da homo-lesbo-bi-transfobia, fim da criminalização da homossexualidade (e consequentemente das punições previstas pelas leis que criminalizam a prática) em alguns países, reconhecimento da identidade de gênero (que inclui a questão do nome social).
Casamento entre pessoas do mesmo sexo
Também fazem parte da luta do movimento LGBTQIA+ a luta para que a condição das identidades trans não seja considerada doença, o fim da proposta de “cura gay”, casamento civil igualitário, além da permissão de adoção de crianças por casais homoafetivos – o que já acontece no Brasil, apesar de tentativas da ala conservadora da política de barrar esse direito.
Estado laico
Separar o Estado da crença religiosa e o fim da influência da religião na política, além de leis e políticas públicas que garantam o fim da discriminação em lugares públicos, escolas e empresas.

A reportagem foi publicada na edição deste domingo (9) do jornal A Tribuna.